terça-feira, 25 de novembro de 2008

Complexidades e Contadições

O objectivo desde exercício, prende-se em relacionar uma obra Filosófica contextualizada com a actualidade arquitectónica, com a obra e reflexão de um Arquitecto. Tentando assim estabelecer pensamentos, relações, semelhanças (ou não) entre os dois títulos dados pelo docente.
No meu caso, leitura e interpretação de "LYOTARD, Jean-François, La Condition Posmoderne, Les Edition de Minuit, Paris, 1978. Cruzar informação com a obra e seu percurso do Arquitecto Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho.


Lyotard & Niemeyer


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lisbon Story

Peter Zumthor
A magia do real…





Peter Zumthor
Percurso:
Arquitecto Suíço nasceu em 1943, em Basileia. Estuda na “Schule fur Gestaltung Basel”, em 1963, mas em 1966 muda-se para a “Pratt Institute”, Nova Iorque, onde estuda Arquitectura e Design.
A partir de 1968 como início de carreira trabalhou durante vários anos como arquitecto para o departamento de Manutenção e Prevenção de Monumentos do cantão de Graubungen, Suíça.
No ano de 1979, iniciou a sua actividade profissional independente, tendo projectado o seu próprio escritório em Haldenstein, Graubunden, em 1985.
Leccionou em diversas instituições, tais como a Universidade de Zurique, Suíça, em 1978, no Southern California Institute of Arquitecture, Los Angeles, Estados Unidos, em1988, na Technische Universitat de Munique, Alemanha, em 1989, na Tulane University, Nova Orleãns, Estados Unidos, em 1992, e na Academia de Arquitectura de Mendrisio da Universitá della Svizzera Italiana, em 1996.

Falando um pouco da obra de Zumthor:

Em 1985, como é referido anteriormente, conclui o projecto do seu próprio escritório, ainda em 1985 projecta um abrigo de protecção de minas romanas na estação arqueológica de Chur, na Suíça, onde propõe um diálogo entre o passado e o presente, reproduzindo a definição geométrica das antigas construções, em que, longe de uma atitude mimética, utiliza uma estrutura de madeira coberta por uma superfície de lâminas do mesmo material, propondo assim um relacionamento constante entre o interior e exterior, deixando-se ser atravessada pela luz.
A construção da Capela de São Benedito em Sumvigt, Suíça, entre 1987 e 1989, edificada como uma torre na paisagem natural da montanha, com forma de lágrima, é feita integralmente em madeira, sendo uma obra que remete ao recolhimento, à concentração e reflexão.
Em 1990 elabora o projecto das termas de Vals, Suíça, cuja obra foi concluída em 1996. Neste projecto, que se funde com as montanhas, é procurado nas referências da tradição dos banhos romanos não o seu entendimento formal ou a sua imagem, mas sobretudo a verdade que reside na sua natureza, construindo uma ode à pedra e à água e ao homem com esses elementos numa profunda sintonia com o lugar.
Foi com o projecto para o Museu de Arte de Bregentz, na Áustria realizado de 1990 a 1997, que Peter Zumthor ganhou o prémio Mies Van Der Rohe em 1998. Este projecto de planta quadrada, ergue-se junto ao lago Constância, é composto essencialmente de espaços fluidos definidos por três paredes estruturais em betão que atravessam, na vertical, todo o edifício, separando as zonas de exposição das áreas de serviço e de acessos, sendo o conjunto envolvido por uma membrana de vidro translúcido de aço, desempenhando um papel associado a uma constante troca de luz, sombras e silhuetas.
Dentro de toda a obra, podemos destacar também, o corredor de ligação do Museu de Arte de Chur, Suíça (1987-1990); o conjunto de habitações Spittelhof, na Basileia, Suíça (1989-1996); a ampliação da casa Gugalum, em Versam, Suíça (1990-1994); o edifício de habitação para idosos, em Chur, Suíça (1992-1993); a “ Topografia do Terror” – Centro Internacional de Exposição e Documentação em homenagem às vítimas da Gestapo, Berlim, Alemanha (1997); a “St. Kulumba” Errbishofliches Diozesan Museum, em Colónia, Alemanha (em projecto).
Zumthor, na sua obra não tem como objectivo a criação de um modo de fazer arquitectura, muito menos definir um estilo ou inserir-se dentro de qualquer outro. As questões que procuram levantar com a intervenção que propõe prendem-se com a procura de respostas para cada caso, tanto nas relações de reciprocidade que estabelece entre o homem, a obra e o lugar, como ponto de vista tectónico, que se mostram rigorosos e eficazes.
Este mostra-nos assim a sua capacidade de em cada obra dotá-la de uma “alma”, uma espiritualidade, algo profundamente íntimo, reflectindo uma interpretação do mundo e das coisas que nos rodeiam com uma sensível simplicidade. Possui também uma compilação de textos seus e respectiva obra, como por exemplo “Thinking Arquitecture”, “Peter Zumthor”, “Baden”. Ilustra-nos assim uma linguagem dos materiais, das superfícies, da luz, das texturas, das estruturas, aspectos estes, muito mais relevantes do que propriamente a forma.
Em 1994, torna-se membro da academia das Artes, Berlim, Alemanha, e em 1996 membro do honorário da Bund Deutscher Architekten – BDA – Associação Alemã de Arquitectos.


Prémio Mies Van Der Rohe:

Peter Zumthor, obtém este prémio com a obra Kunsthaus Bregenz (museu de Arte), situado ao longo do lago Konstance numa pequena cidade alpina da Áustria, advinha-se facilmente pela sua singularidade formal em relação às construções envolventes. Percepciona-se antes de mais como uma caixa de vidro que se solta do solo e se ergue para o céu, mostrando assim o seu carácter. Falar deste edifício é falar sobre valores intrínsecos da arquitectura.
A arquitectura faz-se de Matéria Luz e Espaço. São estas as condições essências de uma obra singular e subtil.
Esta obra revela-se assim subtil pela forma e tratamento espacial e, de como diferentes dimensões da arquitectura são tratadas de modo a concretizar um todo através do tratamento de luz, dos espaços e da matéria onde o detalhe e rigor atingem assim uma importância extrema na definição da obra e da ideia conceptual.

Atmosferas – Ambientes

“A magia do verdadeiro e do real” afirma assim Peter Zumthor, que existe um efeito recíproco entre as pessoas e as coisas, assim se identifica ele como arquitecto, uma paixão, existe magia no real, no entanto diz conhecer bem a magia dos pensamentos e a paixão dos pensamentos belos.
Notoriamente este transmite-nos a sua incessante vontade que o move quando tenta criar uma atmosfera, talvez desconhecida ou muito própria nas suas obras, algo simples, mas complexo pois só ele tem a capacidade de expor através das suas pragmáticas conceptuais.

Matéria Luz Espaço
Atmosferas – Magia do Real

Tal como o autor indica na sua obra a presença do material dos objectos de uma arquitectura, da construção. É para ele um primeiro segredo da arquitectura, é conseguir juntar as coisas do mundo, os materiais do mundo e criar espaços dentro do mundo. Com ele vemos que os materiais são o corpo da arquitectura, o colocar as coisas de forma concreta, primeiro mentalmente, depois na realidade, existe uma proximidade entre os materiais que depende deles próprios, da sua estrutura e do seu peso.
É de referir a importante valorização ao tratamento que zumthor tem a nível espacial, cada espaço para ele tem um valor diferente como se trata-se de um ritmo para criar uma melodia harmoniosa. Vemos assim uma obra ritmada, que nos transmite simplicidade, grandiosidade e subtileza.
Ao ler o livro “ Atmosferas”, ao visitar a exposição, é realmente sentir que a arquitectura não se trata apenas de uma materialização de algo que é imposto, é senti-la é mexer com o nosso íntimo, é viver o que estamos a fazer. O jogo da luz, do espaço, do material, consegue dar-nos inúmeras sensações, como que, se trata-se de uma música que ouvimos e nos dá determinadas sensações que mexe com o nosso “eu”. Não digo que toda a gente tem a sensibilidade de absorver o espaço, a textura, a cor, a temperatura (como refere o autor).
Quando visitei a exposição e entrei na sala de projecção, ao sentar-me no sofá, não consigo bem descrever, mas foi como se estivesse por minutos dentro de uma obra fantástica, mas claro não estava no ambiente por ele criado, não sentia a textura, não percorria os espaços para absorver o que me transmitiam. Ao ver aquilo, sentia vontade de tocar na parede, de percorrer de “viver o edifício”.
Foi a parte da exposição que mexeu mais comigo. Consegui até isolar-me de tudo o que se passava à minha volta, apenas centrar-me no espaço, na magia do que estava a ver e a ouvir. Estava ali criado um ambiente para observar outro muito digno.
Segundo o que li e que vi na obra de Zumthor, é notório a forte relação, cuidado e sentimento que ele cuida ao projectar seja que tipo de obra for, só por isto se vê a sua envolvência a nível conceptual, relação que este tem com tudo o que o rodeia, a natureza, o programa, o homem, a arquitectura vista como algo vivencial no seu expoente máximo, uma constante troca de luz, sombras e espaços.
A sua procura de respostas para a envolvente em relação a cada intervenção, faz com que se trate sempre de uma obra singular, devido a todo conjunto de intenções da parte do autor. Mesmo ele afirma a sua capacidade de dotar cada uma das suas obras de uma “alma”, algo íntimo, talvez um reflexo de uma interpretação do mundo.
Quando á pouco referi, ao ver a exposição na parte das projecções da obra de Zumthor, recordo um dos capítulos do livro “atmosferas” – “Serenidade e Sedução”, quando disse que tinha vontade de “pular” para a realidade e percorrer o edifício, o facto de nos movimentar-mos dentro da arquitectura, Zumthor imagina como nos movimentamos, como nos pode despertar a atenção, seduzir, trata-se de uma grande virtude como arquitecto, mais uma vez digo, ele vive a obra. Aliás ele refere mesmo que este jogo é algo que o fascina e seduz, mas ainda mais fantástico é que o consegue mesmo fazer.
A liberdade que se sente, através de um aparente efeito de luz, da cor, do material, uma viagem que se faz de descoberta aos sentidos. É também louvável a sua forma de relacionar, através de vários aspectos, o interior e exterior, como se ele projecta-se algo que já estava pensado antes de ele o fazer, ou seja consegue identificar e conjugar plenamente o edifício com a sua paisagem redundante, uma conjugação do edifício com a paisagem (exemplo, termas de Vals), estabelece também uma relação muito particular entre o interior e o exterior, como que estarmos dentro do edifício e conseguir apercebermo-nos do que nos rodeia, a rua, a natureza, o edifício do lado, os passarinhos, a agitação de uma cidade, a paz de uma montanha, etc.… Tudo isto é motivo de ritmo e de concentração, fazer arquitectura através de um programa imposto e de tudo o que implica o lugar, uma sensibilidade incrível para uma concentração imediata, quando este conjunto é completo por tudo o que nos reúne e segura.
Zumthor, dá-nos muitas destas sensações, espaços, simplicidades, grandiosidades, através do jogo de espaços, da luz, quer seja natural, quer seja artificial, é para ele um grande motivo. Podemos mesmo tratar Zumthor pelo “iluminado” no sentido pejorativo da palavra, o que para mim não deixa de o ser. A luz também é vista com grande reflexo na materialização, observar como os materiais reflectem a luz, recordamo-nos do edifício do museu de arte na Áustria, o cubo de vidro.
É através destes aspectos que Zumthor encontra uma forma, algo que o homem admire e sinta uma reciprocidade entre a obra e o lugar, um cuidado a meu ver admirável, é realmente como se a arquitectura se trata-se de um ritmo, uma harmoniosa melodia, a pureza de algumas das suas obras que se integram na paisagem, os materiais nelas usados, as cores, tudo isto evidência não só o edifício mas também a envolvente, existe sempre na sua obra uma forte relação na conjugação de todos estes aspectos.

“Amo a arquitectura, amo os espaços envolventes construídos e acho que amo quando as pessoas amam também.”

Atmosferas, Peter Zumthor
Locais e Relações:



Igreja Sagrado Coração de Jesus, Lisboa, arquitecto Nuno Portas e Nuno Teotónio – Prémio Valmor em 1975.

Ao entrar neste local de meditação e sossego, a primeira relação que identifiquei foi os jogos de luz presentes no interior, estes provocados pelo espaço e suas diferenças de alturas.
Segundo a minha interpretação está presente uma hierarquia de espaços, esta feita através de diferentes patamares de alturas, cantos e recantos dentro do mesmo espaço (igreja) e também a evidência destes através da luz.
No exterior, este conjunto de serviços tem uma vivência muito íntima (pátio) tudo gira á volta de uma zona interior aberta comum, o que faz do edifício uma particularidade muito própria, ausência do exterior em relação ao espaço envolvente, talvez tenha a ver com o programa, o facto de ser uma igreja, um local de reflexão, de fé, um espaço dedicado a si mesmo e aos que por lá passam.




Hotel Ritz, Lisboa, arquitecto Cristiano da Silva.

Ao olhar para o edifício vemos uma forte semelhança no aspecto formal com algumas das obras de Zumthor, a grandiosidade, a cor e a textura do betão. No interior temos uma constante de espaços amplos, mas ao mesmo tempo criam-se zonas particulares e distintas, através do mobiliário.




Igreja S. Domingos e o Teatro Nacional D. Maria, Lisboa.

A igreja e o Teatro possuem uma fachada clássica em perfeita harmonia com a envolvente.


Um olhar único e revelador sobre o processo criativo, lógico e pragmático de Peter Zumthor...










quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cadavre Esquis - Materialização

Numa terceira e última fase, temos a materialização do objecto, tentando-se conjugar e criar efeitos vistos na segunda fase do exercício através de materiais, texturas e cor... Existindo sempre os meus espaços abertos para que a composição do objecto não se torne tão pesada, pois perderia o seu sentido conceptual. Como é visto na maquete a minha intenção era gerar este jogo de alturas e erregularidade quando vemos as várias vistas da maquete, um jogo de sequência e de forma linear mas também irregular.








terça-feira, 28 de outubro de 2008

Parque Urbano

Publicação do trabalho desenvolvido na aula do dia 23 de Outubro, com a participação de Ana Rita Diogo, Joana Labela, Mónica Marinheiro, Sandrine Portas, Vera Silva e do Arquitecto Pedro Cordeiro, em que se procedeu, mais uma vez, à discussão do programa e da organização funcional do Parque Urbano. Tendo como resultado os seguintes esquiços:




quinta-feira, 23 de outubro de 2008

... The soul reflection..

" uma casa não passa de um conjunto de quatro paredes, com portas e janelas"... A desconcertante verdade contida nesta afirmação funciona, no entanto, como um jogo de resultados imprevisíveis, porque nem sempre as palavras são o espelho dos sentidos que aparentam.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008